TURMA T4

30 de abril de 2024

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Invasões holandesas no Brasil

As invasões holandesas no Brasil aconteceram no século XVII e resultaram das relações diplomáticas de três países: Portugal, Holanda e Espanha.

Filipe II, Rei da Espanha.
Com a crise da dinastia de Avis, o rei da Espanha, Filipe II, acabou sendo coroado rei de Portugal. [1]

As invasões holandesas no Brasil ocorreram quando os holandeses ocuparam territórios no Nordeste brasileiro no século XVII. Essa invasão estava diretamente relacionada com as questões diplomáticas envolvendo Portugal, Espanha e a própria Holanda naquele período. Os holandeses procuraram construir sua própria colônia na América ao se apropriar de uma das principais praças produtoras de açúcar da América Portuguesa.

Os holandeses permaneceram no Brasil de 1630 a 1654, e sua presença aqui ficou profundamente marcada pela administração de Maurício de Nassau, militar alemão enviado pela Companhia das Índias Ocidentais para governar a colônia holandesa. A expulsão dos holandeses aconteceu por meio da mobilização popular contra os holandeses motivada pela Guerra de Restauração, que teve início em 1640.

Por que os holandeses invadiram o Brasil?

A invasão do Nordeste brasileiro pelos holandeses resultou diretamente das relações diplomáticas entre Portugal, Espanha e Holanda no final do século XVI. Até 1580, a Holanda tinha um envolvimento direto com o negócio do açúcar produzido no Brasil, pois foram eles que financiaram o desenvolvimento do negócio aqui e eles também participavam do refino e da comercialização do açúcar na Europa.

A atividade açucareira rendeu bastante lucro para Portugal e Holanda. No entanto, essa situação sofreu profundas modificações com a crise da dinastia de Avis em Portugal, no final do século XVI. Essa crise de sucessão deflagrou-se quando d. Henrique, rei de Portugal, morreu e não deixou herdeiros diretos.

Assim sendo, uma disputa aconteceu e resultou na coroação de Filipe II, da Espanha, como rei de Portugal. Como desdobramento, as coroas de Espanha e Portugal foram unificadas sob o domínio do mesmo rei. Isso ficou conhecido como União Ibérica e representava, naturalmente, que mudanças drásticas aconteceriam nas relações diplomáticas entre Holanda e Portugal, pois a Holanda estava em guerra contra a Espanha desde 1568.

Essa guerra entre Espanha e Holanda tinha relação com a luta dos holandeses por sua independência (até 1581, a Holanda estava sob o domínio dos Habsburgo, a dinastia que reinava na Espanha). Por conta desse contexto, os inimigos da Espanha tornaram-se os inimigos de Portugal, já que os dois países passaram a ser governados pelo mesmo rei.

Assim, os holandeses acabaram sendo excluídos do negócio do açúcar e isso resultou em uma ação dos holandeses contra Portugal. Em 1595, os holandeses saquearam portos portugueses no continente africano e, em 1604, atacaram a cidade de Salvador, na Bahia, mas o ataque dos holandeses acabou fracassando. Depois disso, os holandeses permaneceram em trégua com os espanhóis até 1621.

Invasão do Nordeste

A trégua da Holanda com a Espanha encerrou-se em 1621 e, no mesmo ano, a Companhia das Índias Ocidentais (West-Indische Compagnie, em holandês) foi fundada. Esses acontecimentos fizeram com que a guerra fosse retomada. A WIC (sigla da companhia no holandês) tinha como objetivo tomar o controle dos locais produtores de açúcar de Portugal, bem como dos postos de comércios de escravos na África.

Em 1624, veio o primeiro grande ataque dos holandeses contra a capital do Brasil, a cidade de Salvador, e eles a conquistaram após 24 horas de batalha. O domínio dos holandeses concentrou-se nos limites da cidade, uma vez que a resistência dos colonos e dos portugueses não permitiu que os holandeses se expandissem pelo Recôncavo Baiano.

Depois de um ano, a resistência portuguesa conseguiu expulsar os holandeses de Salvador. Isso foi possível, em grande parte, graças à chegada de aproximadamente 12 mil homens para lutar contra os holandeses. Depois de expulsos, em 1625, os holandeses retornaram dois anos depois, em 1627, para saquear a capital do Brasil.

  • Invasão de Pernambuco

Depois de terem sido expulsos de Salvador, os holandeses voltaram-se contra Pernambuco, outra capitania brasileira que prosperava com a produção de açúcar. Em 1630, uma expedição holandesa formada por 65 embarcações e 7280 homens atacou Olinda|1|. Com essa força, os holandeses conseguiram conquistar Olinda em 14 de fevereiro de 1630.

Maurício de Nassau, administrador da colônia holandesa no Nordeste durante as invasões holandesas.
Com a invasão holandesa, Maurício de Nassau foi indicado para administrar a colônia holandesa no Nordeste.[2]

Entre 1630 e 1637, os holandeses estenderam o seu domínio pelo Nordeste brasileiro e conquistaram regiões como a Paraíba e o Rio Grande do Norte. Para isso, contaram com a preciosa ajuda de um colono chamado Domingo Fernandes Calabar. O conhecimento que ele tinha da terra foi crucial para o sucesso dos holandeses.

A partir de 1637, foi enviado pela WIC o alemão Maurício de Nassau para administrar a colônia holandesa. Ele era um militar e foi indicado para assumir o cargo e aqui permaneceu até 1643. A administração de Nassau foi um momento importante para o estabelecimento dos holandeses no Brasil.

Maurício de Nassau realizou inúmeras ações para o desenvolvimento da colônia. Ele procurou recuperar a economia açucareira de Pernambuco ao vender engenhos que tinham sido abandonados durante a guerra entre portugueses e holandeses e procurou estabelecer algumas normas para a melhoria da vida, como a obrigatoriedade de se plantar mandioca, proibição de se jogar lixo nas ruas, entre outras medidas.

Vista aérea de Recife, capital de Pernambuco durante as invasões holandesas.
Com a invasão holandesa, a cidade de Recife foi transformada na capital de Pernambuco.

Maurício de Nassau também incentivou a vinda de cientistas e artistas para o Brasil. Os cientistas promoveram uma série de estudos sobre a fauna e a flora locais, assim como estudaram doenças tropicais que atingiam a população. Os artistas, por sua vez, retrataram o modo de vida local, alguns retratando paisagens do cotidiano, enquanto outros retratavam indígenas e escravos que habitavam a região.

A partir da década de 1640, a WIC entrou em processo de falência, e Maurício de Nassau acabou entrando em conflito com a administração da WIC. Em 1643, Nassau recebeu ordens de retornar para a Holanda. A partir daí, a colônia holandesa no Brasil só entrou em decadência.

Decadência da colônia holandesa

Ilustração da Batalha de Guararapes ocorrida durante as invasões holandesas.
Nas duas batalhas em Guararapes, em 1648 e 1649, os holandeses foram derrotados pelos portugueses.[2]

A decadência da colônia holandesa pode ser explicada por alguns fatores. Primeiramente, houve a falência da Companhia das Índias Ocidentais, o que acabou prejudicando severamente o empreendimento, uma vez que eles eram os responsáveis. Nessa questão, podemos destacar também a demissão de Maurício de Nassau de sua função de governador-geral da colônia.

Os problemas econômicos da WIC acabaram fazendo com que ela não investisse o necessário para garantir a segurança de sua colônia. Isso foi um erro muito grande, porque desde a Restauração de Portugal, em 1640, os rumores de que os portugueses se lançariam em uma guerra contra os holandeses por Pernambuco só aumentavam.

Restauração de Portugal ocorreu quando Portugal readquiriu sua independência, e seu trono passou a ser ocupado por d. João IV, inaugurando a dinastia dos Bragança. Com esse acontecimento, os portugueses deram início a esforços para recuperar sua colônia e passaram a incentivar os colonos para que os holandeses fossem expulsos do Nordeste.

A guerra entre holandeses e portugueses estourou a partir de 1645 e estendeu-se até 1654. Esse período de batalhas ficou conhecido como Guerras Brasílicas e contou com lideranças locais importantes na luta contra os holandeses, tais como André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira. A mobilização contra os holandeses teve a participação de donos de engenhos, negros e indígenas.

Os holandeses enfraqueceram-se consideravelmente com as duas derrotas sofridas na Batalha de Guararapes, em 1648 e 1649. Os recursos holandeses, que já eram escassos, diminuíram mais ainda a partir de 1652, quando Holanda e Inglaterra entraram em guerra. Nesse cenário, ficou impossível manter a colônia no Nordeste.

Por fim, em 1654, uma esquadra portuguesa cercou Recife e acabou retomando a região depois de 24 anos de domínio dos holandeses. A reconquista de territórios pelos portugueses também aconteceu na África, com a expulsão dos holandeses de regiões que eles haviam tomado dos portugueses na década de 1630.

07 de maio de 2024

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Engenho de Açúcar no Brasil Colonial

 

engenho de açúcar designa o local onde era produzido o açúcar durante o período colonial.

Estes engenhos surgem no século XVI, quando se inicia o plantio da cana de açúcar no Brasil.

Possuíam um edificações para a moagem de cana de açúcar, locais para transformar o caldo em melado e rapadura, capela, casa para os proprietários e a senzala para os escravizados.

As primeiras mudas de cana de açúcar chegaram de Portugal em meados do século XVI. Os portugueses já possuíam técnicas de plantio, pois a cultivavam e fabricavam o produto na ilha da Madeira e nos Açores.

 

Estrutura dos engenhos coloniais

 

O engenho colonial era um grande complexo dividido em diversas partes:

Canavial: onde a cana de açúcar era cultivada;

Moenda: local para moer a planta e extrair o caldo. A moenda funcionava movida por tração animal, água (moinho) ou ainda a força humana dos próprios escravizados.

Casa das Caldeiras: espaço usado para ferver o caldo da cana de açúcar em buracos cavados no solo. O resultado, um líquido espeço, eram então fervido em tachos de cobre.

Casa das Fornalhas: uma espécie de cozinha que abrigava grandes fornos que aqueciam o produto e o transformavam em melaço de cana.

Casa de Purgar: ali ficavam as formas com o caldo cristalizado, chamados pão de açúcar. Após seis a oito dias eram retirados dos moldes, refinados e prontos para serem comercializados.

Plantações: Além dos canaviais, havia as plantações de subsistência (hortas), em que eram cultivados frutas, verduras e legumes destinados à alimentação dos moradores do engenho.

Casa Grande: representava o centro do poder dos engenhos, sendo o local onde habitava o proprietário da terra e sua família. Apesar do nome imponente, nem todas as casas eram grandes.

Senzala: locais que abrigavam as pessoas escravizadas e onde não havia nenhum tipo de conforto e dormiam no chão de terra batida. Durante a noite eram acorrentados para evitar fugas

Capela: construção feita para celebrar os ritos religiosos dos habitantes do engenho, sobretudo, dos portugueses. Ali ocorriam as missas e as principais manifestações católicas como o batismo, casamentos, novenas, etc. Vale lembrar que os escravizados muitas vezes eram obrigados a participarem dos cultos.

Casas de Trabalhadores Livres: pequenas e simples habitações onde viviam os trabalhadores livres do engenho. Geralmente eram empregados especializados como carpinteiros, mestre de açúcar, etc.

Curral: abrigava os animais usados nos engenhos, seja para o transporte (produtos e pessoas), nas moendas de tração animal ou para alimentação da população.


Moenda movida por tração animal e pessoas escravizadas. Engenho de açúcar, de Guilherme Piso, 1648

 

Funcionamento dos engenhos coloniais

 

Primeiro, as canas eram cultivadas em grandes extensões de terra (latifúndios), depois colhidas e levadas para a moenda, local em que era produzido caldo de cana.

Após esse processo, o produto era levado para as caldeiras e, em seguida, para a fornalha. Por conseguinte, o melaço da cana era colocado em formas e uma vez cristalizado era conhecido como pão de açúcar. Finalmente, era refinado na casa de purgar e ensacado para ser transportado.

Parte dele, e sobretudo do açúcar mascavo (que não passava pelo processo de refino) era destinado ao comércio interno. No entanto, a maior parte da produção era enviada para abastecer o mercado europeu.

Devido a sua estrutura e a grande quantidade de mão de obra, os engenhos eram considerados “pequenas cidades”. No final do século XVII, já existiam cerca de 500 engenhos no Brasil, sobretudo na região nordeste.

A partir do século XVIII, o açúcar entrou em decadência, com a concorrência realizada por britânicos, holandeses e franceses nas suas colônicas do Caribe.

Além disso, foram descobertas jazidas de ouro, que deram início ao Ciclo do Ouro no Brasil e, aos poucos, vários engenhos de açúcar foram desativados.

 

O trabalho dos escravizados nos engenhos

 

As pessoas escravizadas representavam a principal mão de obra nos engenhos açucareiros (cerca de 80%) e não recebiam salários. Embora a maior parte fosses oriundos da África, muitos escravizados indígenas atuaram nos engenhos coloniais.

Além de trabalharem longas jornadas, viviam em péssimas condições, vestiam trapos, eram açoitados pelos capatazes e se alimentavam muito mal. Trabalhavam tanto na produção da cana, como nas casas senhoriais, ocupando-se da cozinha, faxina, criação dos filhos do senhor, etc.


14 de maio de 2024. 

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